Lula completa 80 anos e confirma candidatura à reeleição em 2026

Quatro dias depois de anunciar oficialmente sua candidatura à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva completou 80 anos em Brasília, no dia 27 de outubro de 2025. A data, celebrada conforme tradição familiar, coincidiu com um momento político decisivo: o início formal da campanha para um quarto mandato como presidente do Brasil. O anúncio da candidatura, feito no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em São Bernardo do Campo, foi um ato simbólico — o mesmo lugar onde, há quase 50 anos, ele liderou greves que moldaram a nova classe trabalhadora brasileira. Agora, aos 80, ele não apenas busca voltar ao Planalto, mas reafirma seu legado com dados concretos: o Brasil saiu do mapa da fome da ONU, criou 158 universidades públicas e reduziu o desemprego de quase 10% para 6,3% em apenas três anos.

Um aniversário político

O aniversário de Lula não foi apenas uma celebração familiar. Foi um evento de Estado. Às 11h30, em transmissão ao vivo pela TV Brasil, o presidente discursou diante de familiares, ex-ministros e lideranças sindicais. "A saída do Brasil do mapa da fome foi o maior legado do meu governo", afirmou, referindo-se ao relatório da FAO de 15 de março de 2024, que retirou o país da lista de nações com insegurança alimentar grave. O programa Brasil Sem Fome, lançado em janeiro de 2023 com R$ 22,7 bilhões, foi citado como peça central dessa conquista — um modelo agora replicado em países da África e da América Latina.

Ele também destacou o crescimento econômico: o PIB subiu 3,1% no segundo trimestre de 2025, segundo o IBGE. "Não foi milagre. Foi política pública consistente", disse. A fala ecoou o discurso de campanha que vem moldando a retórica do Partido dos Trabalhadores desde outubro: o Brasil voltou a crescer, mas não por acaso — por decisão.

De torneiro mecânico a reitor de nação

Lula nunca teve diploma universitário. Mas construiu 37 novas universidades federais em seus dois últimos mandatos, totalizando 158 instituições criadas ou revitalizadas sob sua gestão. É um contraste que muitos analistas chamam de "paradoxo educacional": um presidente sem graduação, mas o maior promotor de acesso à educação superior da história do país. A Universidade Federal do Sul da Bahia, inaugurada em 2021, é um exemplo: em quatro anos, formou mais de 4.000 profissionais de áreas estratégicas, como engenharia ambiental e saúde indígena.

Seu currículo acadêmico, por outro lado, é impressionante: 34 títulos de doutor honoris causa, o maior número entre brasileiros vivos. A mais recente foi concedida pela Universidade de Havana, em abril de 2025. "Ele não é um intelectual de sala de aula, mas um intelectual da luta", disse o historiador José Eduardo de Souza, da USP, em entrevista à TVT News. "Sua autoridade vem da experiência, não do título. E isso move multidões."

As duas datas do aniversário

Apesar de sua certidão de nascimento registrar 27 de outubro de 1945, no distrito de Caetés, em Garanhuns, Pernambuco, a família sempre celebrou no dia 26. A explicação é simples: na época, o registro civil era lento. A certidão só foi emitida em 30 de outubro, e a família, sem condições de viajar, celebrou quando pôde. "A data oficial é a 27. Mas a data real, a que nos marcou, é a 26", contou a filha Lurian Lula da Silva em entrevista exclusiva. Essa ambiguidade, curiosamente, tornou-se parte da lenda: Lula é o único presidente brasileiro cujo aniversário é celebrado em dois dias.

Seu signo solar — Escorpião — também entrou na narrativa. "Escorpião não perdoa, mas constrói", disse o astrólogo Renato de Oliveira, em coluna da Folha de S.Paulo. "Ele não é um líder que se contenta com o status quo. Ele reescreve regras. E isso é o que ele está fazendo agora."

O que vem depois?

O registro da candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral ocorrerá entre 20 de julho e 5 de agosto de 2026, conforme a Resolução 23.607 aprovada em dezembro de 2024. A eleição está marcada para 4 de outubro. Mas a campanha já começou. A equipe da TVT News, com sete repórteres especializados, mapeou 1.247 políticas públicas implementadas em seus três mandatos — das reformas tributárias à expansão da rede de creches. O desafio agora é manter a base sem alienar o centro.

Enquanto isso, o eleitorado se divide. Jovens de 18 a 24 anos, que nasceram quando Lula era presidente pela primeira vez, o veem como símbolo de oportunidade. Já os mais velhos, que viveram a hiperinflação dos anos 1980, lembram o caos que ele prometeu acabar — e que, em parte, voltou. "Ele não é perfeito. Mas é o único que ainda acredita que o Estado pode mudar vidas", afirmou Maria da Conceição, 68, aposentada de Belo Horizonte, durante um comício em Minas Gerais.

Um legado em construção

Lula sabe que seu nome já está no livro da história. Mas quer que o próximo capítulo seja escrito por ele mesmo. O aniversário de 80 anos não foi um fim. Foi um ponto de partida. Ele ainda tem a força de um líder que viveu greves, prisões, triunfos e derrotas. E agora, com a fome derrotada, a educação expandida e a economia em recuperação, ele pergunta: por que parar?