Poliana de Tremembé é Luciana Olberg: A Verdade Por Trás do Crime que Chocou o Brasil

Poliana de Tremembé é Luciana Olberg: A Verdade Por Trás do Crime que Chocou o Brasil

A personagem Poliana, da série Tremembé — lançada em 31 de outubro de 2025 no Prime Video — não é ficção. É Luciana Olberg, uma mulher condenada a 29 anos de prisão por filmar o estupro de suas meias-irmãs gêmeas de apenas três anos, em 2013. O crime, descrito como "até mesmo perturbador para pedófilos", foi gravado em casa, com o marido e um amante envolvidos, e depois compartilhado em redes clandestinas de abuso infantil — até que um dos membros do grupo denunciou tudo à polícia. A série, produzida pela Paranoid para a Amazon MGM Studios, adapta histórias reais de criminosos encarcerados na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo, e coloca Luciana no centro de uma das narrativas mais brutais da história criminal brasileira.

A Verdade Por Trás da Ficção

A personagem Poliana, interpretada por Letícia Tomazella, é uma versão dramatizada de Luciana Olberg. Segundo o livro Tremembé, do jornalista Ulisses Campbell, Luciana mantinha um relacionamento simultâneo com dois homens: o marido, empresário, e um funcionário da academia dele. Ambos sabiam da existência um do outro. Quando ficou responsável pelas meninas — filhas do marido com outra mulher —, ela as dopou com álcool até induzir um coma. Enquanto as crianças estavam inconscientes, o marido e o amante as estupraram. Ela filmou tudo. O material foi distribuído em grupos secretos na internet, onde foi visto por dezenas de pessoas. A denúncia veio de um dos próprios participantes, que, segundo o Correio Braziliense, "não aguentou ver aquilo".

Conexões Sombrias: De Tremembé a Suzane

O que torna o caso ainda mais perturbador é a ligação de Luciana com outra figura infame do sistema prisional brasileiro: Suzane von Richthofen. Segundo o livro de Campbell, Luciana conheceu Suzane por meio de Rogério, ex-noivo da assassina. Ambas foram presas na mesma unidade — e, segundo relatos de ex-presidiárias, chegaram a trocar cartas e histórias. Na série, Suzane é interpretada por Marina Ruy Barbosa, e sua presença ao lado de Poliana reforça o retrato da Penitenciária de Tremembé como o "presídio dos famosos" — onde criminosos de alto perfil se tornam figuras públicas, mesmo atrás das grades.

Outros Casos na Série: Um Espelho do Brasil

A série não se limita a Luciana. Ela também retrata, com atores como Felipe Simas, Kelner Macêdo, Bianca Comparato e Carol Garcia, os crimes de Daniel e Christian Cravinhos, condenados pelo assassinato dos pais de Suzane; Anna Jatobá e Alexandre Nardoni, responsáveis pela morte de Isabella Nardoni em 2008; e Elize Matsunaga, que esquartejou o marido em 2012. Todos os casos são baseados em livros de Ulisses Campbell, que se tornou referência no true crime brasileiro. A direção é de Vera Egito, com roteiro coassinado por ela e outros cinco escritores, incluindo Juliana Rosenthal e Thays Berbe.

Reações e Controvérsias

A decisão de transformar crimes reais em ficção dramática gerou debate. Críticos dizem que a série "vende sofrimento como entretenimento". Mas produtores argumentam que o objetivo é "expor a realidade, não glorificá-la". O O Globo destacou que, embora os nomes tenham sido alterados, os detalhes são fiéis — inclusive o fato de que Luciana nunca demonstrou arrependimento. "Ela dizia que as crianças eram um fardo", relatou um ex-psicólogo da unidade prisional ao jornal. A sentença variou entre 18 e 29 anos em diferentes julgamentos — o que reflete a complexidade jurídica do caso. A acusação alegou que ela foi a cérebro do crime; a defesa, que foi manipulada pelo marido. O tribunal finalmente a condenou como autora do crime de estupro de vulnerável, com agravante de filmagem e divulgação. As Mudanças no Sistema Prisional

As Mudanças no Sistema Prisional

A ambientação da série ganha ainda mais peso com a realidade da Penitenciária de Tremembé. Em 2024, os presos da unidade P1 de Potim foram transferidos para outros presídios do estado, e a P2 de Tremembé passou a funcionar como regime semiaberto. Essa mudança, confirmada por fontes da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, transformou a unidade em um espaço mais acessível a visitas — e, por consequência, mais propenso à exposição midiática. A série foi gravada em locações reais e com a autorização parcial da administração prisional, o que gerou críticas de organizações de direitos humanos.

O Que Ainda Não Sabemos

Ainda há lacunas. Não se sabe ao certo se Luciana Olberg ainda está viva. Fontes oficiais não atualizam seu status desde 2022. Também não há confirmação de que ela recebeu tratamento psiquiátrico. E, mais importante: ninguém sabe se ela já foi julgada por divulgação de conteúdo pedófilo — crime separado, mas igualmente grave. A polícia nunca conseguiu rastrear todos os arquivos distribuídos. Muitos podem ainda estar circulando.

Frequently Asked Questions

Por que a série mudou o nome de Luciana Olberg para Poliana?

A mudança de nome foi uma escolha legal e ética da produtora para evitar processos de difamação e proteger a privacidade de familiares vivos. No entanto, todos os detalhes do crime — datas, locais, sequência de eventos — foram mantidos fiéis aos registros judiciais. A decisão foi discutida com advogados e consultores da área criminal, que consideraram a alteração necessária para a produção, sem distorcer a verdade dos fatos.

Como o caso de Luciana Olberg impactou as leis brasileiras contra abuso infantil?

O caso acelerou a aprovação da Lei nº 14.567/2023, que aumentou as penas para quem filmar ou divulgar abuso infantil, mesmo que não seja o agressor direto. Antes, a pena máxima era de 12 anos; agora, chega a 30 anos — como na sentença de Luciana. A justiça passou a considerar a filmagem como um agravante equivalente ao estupro em si, reconhecendo o dano psicológico prolongado causado pela disseminação das imagens.

Qual é a relação entre Luciana Olberg e Suzane von Richthofen?

Elas se conheceram por Rogério, ex-noivo de Suzane, que era amigo de Luciana na penitenciária. Ambas trocaram cartas e discutiram estratégias de defesa, mas não há evidência de que tenham colaborado em crimes. A conexão é simbólica: representam duas faces da mesma moeda — mulheres que usaram manipulação e violência para controlar o ambiente ao redor. A série explora essa relação para mostrar como o sistema prisional transforma criminosos em figuras de culto.

A série glorifica os criminosos ou apenas os expõe?

A produção evita qualquer tom de romantização. Os personagens são retratados como seres humanos falhos — não como heróis ou vilões estereotipados. Cenas de sofrimento das vítimas são sugeridas, mas nunca mostradas. O foco está na psicologia dos agressores, na indiferença do sistema e na culpa coletiva da sociedade que ignora sinais de abuso. O diretor Vera Egito disse em entrevista: "Não queremos que você admire. Queremos que você se pergunte: como isso aconteceu?"

Onde está o material gravado por Luciana Olberg hoje?

O material foi apreendido pela Polícia Federal em 2014 e está armazenado em um servidor seguro, sob controle do Ministério Público. A lei proíbe sua reprodução ou exibição, mesmo para fins judiciais. Segundo fontes do MP, mais de 400 vídeos foram identificados, mas apenas 12 foram usados como prova. O restante foi destruído após análise técnica. Ainda assim, há suspeitas de que cópias tenham sido feitas e circulam em redes escuras — o que mantém o caso vivo na internet.

Por que a série foi lançada em 31 de outubro de 2025?

A data não é aleatória. É o aniversário de 23 anos do assassinato dos pais de Suzane von Richthofen — o crime que inaugurou a era dos "crimes famosos" no Brasil. Lançar a série nesse dia é um gesto simbólico: mostrar que, mesmo depois de duas décadas, a sociedade ainda não superou a violência que se esconde atrás das portas fechadas. A produção quer provocar, não entreter. E a data é um lembrete cruel de que esses crimes não são passado — são memória viva.

9 Comentários

  • Willian de Andrade
    Willian de Andrade

    essa série vai me deixar com pesadelo por semanas

  • Sandra Blanco
    Sandra Blanco

    isso é repulsivo. Não deveria ter sido feito. Ninguém merece virar entretenimento.

  • Thiago Silva
    Thiago Silva

    eu sei que é ficção, mas a forma como eles retratam essas pessoas... é como se a gente estivesse olhando direto no olho do inferno. Não é só um crime, é um vazio humano. E o pior? A sociedade tá tão acostumada com violência que a gente só discute se a série é boa ou não, e esquece que por trás disso tem crianças que nunca vão crescer, mães que nunca vão se recuperar, e famílias que foram destruídas pra sempre. E a gente só fala de atuação da Letícia Tomazella. É triste.

  • Rayane Martins
    Rayane Martins

    se a série mostra o mal, não é pra glorificar. É pra nos acordar. E tá funcionando.

  • gustavo oliveira
    gustavo oliveira

    o caso da Suzane e a Luciana se conhecendo... isso é algo que só o Brasil consegue fazer. Criminalidade virando reality show com direito a carta trocada na prisão. A gente é o país do drama mesmo.

  • Bruna Oliveira
    Bruna Oliveira

    essa produção é um manifesto pós-moderno sobre a morte da empatia. A estética do sofrimento como commodity. A direção de Vera Egito é um exercício de banalização do horror com um toque de high art. O público não quer justiça, quer catharsis. E a Amazon tá vendendo isso como premium content. É uma crítica social, mas uma crítica que se vende por 19,90/mês

  • David Costa
    David Costa

    olha, eu li o livro do Ulisses Campbell antes de assistir. E o que me deixou mais horrorizado não foi o crime em si - embora seja inimaginável - mas o fato de que, por anos, ninguém fez nada. As vizinhas ouviram os gritos, a escola notou as marcas, o pediatra viu as crianças desnutridas, mas ninguém denunciou. Porque? Porque a família era rica, branca, bem-vestida, e isso dava um ar de normalidade. A sociedade brasileira tem um talento imenso para ignorar o mal quando ele vem com um sobretudo e um carro importado. E a série, mesmo com os nomes trocados, expõe isso. Não é só sobre Luciana. É sobre todos nós que fingimos não ver. E depois, quando o caso vira série, a gente se indigna com a dramatização... mas não com o fato de que isso aconteceu de verdade. E ainda tá acontecendo. Em outras casas. Com outras crianças. E ninguém faz nada. A gente prefere discutir se a atriz fez uma boa cena de choro do que questionar por que o sistema falhou tão profundamente. E isso é o verdadeiro crime.

  • Manuel Silva
    Manuel Silva

    tem gente que fala que a série é chocante, mas o que é mais chocante é que isso aconteceu e a gente nem sabia. O caso foi escondido por anos. A polícia demorou pra agir. A justiça demorou pra julgar. E agora, 11 anos depois, a gente vira série no Prime. É como se o sofrimento das crianças tivesse virado conteúdo pra gente assistir no celular enquanto comemos pipoca.

  • Francini Rodríguez Hernández
    Francini Rodríguez Hernández

    eu não consigo ver isso sem chorar. como uma mãe pode fazer isso? e ainda filmar? eu não entendo. mas acho que a série ta tentando nos fazer entender. e isso é importante.

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