Quando Associação Comercial de São Paulo (ACSP) viu o seu painel ImpostômetroSão Paulo alcançar a marca de R$ 3 trilhões em tributos arrecadados, foi impossível não notar o ritmo acelerado da coleta fiscal.
Contexto fiscal no Brasil em 2025
O país já registrava, no primeiro semestre de 2025, um crescimento da arrecadação que superava as expectativas traçadas pelo Ministério da Fazenda. Dados da Gasto Brasil apontavam um déficit primário próximo a R$ 1 trilhão, já que as despesas governamentais somavam R$ 3,98 trilhões. Essa diferença evidencia que, embora a coleta esteja em alta, os gastos acompanham – e até ultrapassam – o ritmo da arrecadação.
Detalhes do marco de R$ 3 trilhões
Na terça‑feira, 7 de outubro de 2025, às 12h, o painel marcou exatamente R$ 3.000.000.000.000,00. Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo, "o aquecimento da atividade econômica teve papel fundamental nesse aumento".
Ele acrescentou que a inflação, ao elevar a base de cálculo dos impostos sobre consumo, naturalmente ampliou a arrecadação, já que grande parte da carga tributária incide sobre bens e serviços. O crescimento de 9,37 % em relação ao mesmo ponto em 2024 – quando o marco foi alcançado apenas em 1º de novembro – demonstra que o calendário fiscal está se comprimindo cada vez mais.
O Impostômetro, instalado na fachada da sede da ACSP, na Rua Boa Vista, 51, Centro Histórico de São Paulo, traz números em tempo real, recebidos diretamente da Secretaria da Receita Federal do Brasil e das Secretarias de Fazenda estaduais e municipais.

Reações e análises de especialistas
Em entrevista ao Fernanda Montanha, jornalista do Bnews São Paulo, os analistas destacaram que a “carga tributária está caminhando para 33 % do PIB”. Ainda segundo Fábio Barbosa, presidente da ACSP, a transparência trazida pelo Impostômetro "estimula o debate sobre a eficiência dos gastos públicos".
Já Caio Migliano, diretor executivo da ACSP, alertou que, apesar do recorde, o déficit pressiona a necessidade de reformas estruturais para evitar que a dívida pública cresça de forma descontrolada.
Impacto nas contas públicas
Com a arrecadação projetada para superar R$ 3,8 trilhões até o fim de 2025, o governo ainda terá que encontrar fontes para cobrir quase R$ 1 trilhão de despesas já executadas. A diferença entre arrecadação e gasto, se mantida, pode levar a um ajuste fiscal mais rígido no próximo ano.
Especialistas em finanças públicas apontam que, se a tendência de antecipação dos marcos de arrecadação continuar – como evidenciado pelos registros de 2023 (16 de novembro) e 2022 (21 de novembro) – o orçamento de 2026 poderá ter que contar com medidas de contenção de gastos ou aumento de alíquotas, algo que sempre gera resistência de setores produtivos.

Perspectivas para o restante de 2025
O painel continuará ativo até 31 de dezembro, quando se espera que a soma total ultrapasse R$ 3,8 trilhões, batendo o recorde de R$ 3,7 trilhões registrado em 2024. Enquanto isso, a ACSP planeja abrir o Impostômetro para visitas escolares, numa tentativa de educar cidadãos sobre a carga tributária e seu destino.
Além disso, a Gasto Brasil promete atualizar suas projeções trimestrais, permitindo que a sociedade acompanhe não só quanto se arrecada, mas como esses recursos são empregados em saúde, educação e infraestrutura.
Perguntas Frequentes
Como o marco de R$ 3 trilhões afeta as empresas associadas à ACSP?
Para as cerca de 160 mil empresas representadas pela ACSP, o aumento da arrecadação indica um ambiente econômico mais ativo, mas também sinaliza que a carga tributária está se aproximando de níveis historicamente altos, o que pode reduzir margens de lucro se não houver compensações fiscais.
Qual a diferença entre a arrecadação e o gasto já registrado em 2025?
Até 7 de outubro, o Impostômetro mostrou R$ 3 trilhões arrecadados, enquanto a ferramenta Gasto Brasil apontou despesas de R$ 3,98 trilhões, gerando um déficit primário próximo a R$ 1 trilhão.
O que explica o avanço de 25 dias na arrecadação em relação a 2024?
Segundo o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, o principal motor foi a retomada da produção industrial e do consumo interno, aliado à inflação que aumentou a base de cálculo dos impostos sobre bens e serviços.
Quais são as projeções para a arrecadação total em 2025?
Especialistas estimam que a coleta supere R$ 3,8 trilhões até o fim do ano, ultrapassando o recorde de R$ 3,7 trilhões de 2024 e elevando a taxa efetiva de tributação para cerca de 33 % do PIB.
Como a população pode acompanhar o Impostômetro?
Além da versão física na sede da ACSP, os números são disponibilizados em tempo real no site impostometro.com.br, onde é possível filtrar a arrecadação por esfera de governo, estado e município.
Bruno Maia Demasi
Ah, nada como ver o Impostômetro explodir em três trilhões, prova de que a sinfonia fiscal brasileira está afinada em dó maior da dívida, enquanto os economistas aplaudem de palmas de papel.